07 fevereiro, 2007






« As raparigas desconfiam tanto da verdade como da mentira. Até quando a verdade ou a mentira é feia. É um problema. Fazem de nós uma ideia em que a vida, depois dos primeiros momentos, não se intromete. É claro que estão à espera de ser desiludidas – mas o facto de estarem à espera impede-as de ficarem verdadeiramente desiludidas.


*


Para as mulheres há sempre uma razão. Porque estão sempre a pensar. E o pensamento delas não tem limites. Nos homens a inteligência tem sempre um quê de esforço – nas mulheres é natural. Nem dão por isso. Nasceram assim. Em certos casos chegam a lamentar-se. Sabem que as prejudica. Não querem, ao contrário dos homens, ser superiores – mas são. E não há nada a fazer.


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Como todos os homens, invejo a maneira como nunca se separam. São meninas e mães e mulheres e amantes e amigas sem ter que saltar, como nós temos de fazer várias vezes ao dia, de uma condição para outra. »

Miguel Esteves Cardoso, O cemitério de raparigas


2 comentários:

n disse...

Hummm. Esta descrição corresponde a um tipo bastante particular de rapariga. Não completamente generalizável. Ou melhor, mesmo para aquelas que possam tender mais para este perfil, esta descrição implica que estejam motivadas: para aquilo que esperam; naquilo em que estão a pensar; e para a pessoa para quem são alguém que não se separa. Mas é um tipo de rapariga que gosto, eheh.

Balancinha disse...

Adoro o Miguel! Já viste o texto dele sobre as mulheres do Norte? Liiindo, até me arrepiei!

 
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